sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ao Ataque


Não dá para escapar. Hoje a noite, o Gato Preto vai rondar os telhados das casas da vizinhança. Ele pula os portões e escala paredes à luz da grande lua cheia e num movimento audaz, o solitário felino esquiva das gretas e grades.
O sobrevivente foge das botas lançadas pela janela, dos nervosos palavrões e tiros de espingarda. Seu olhar noturno é arma certeira para viver mais uma noite na floresta urbana.
O passo manso na linha do muro e a leveza do balanço corporal difundem na escuridão das sombras do planeta. Já é hora da caça, vingança do instinto, o Negro Gato faminto é torpedo certeiro na pobre presa indefesa.
Aponta as garras, marca o vento e salta razante, há quem diga que é o próprio coisa-ruim encarnado. O Gato Preto cerra as vísceras da madrugada numa dentada impiedosa.

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